A própria história desta estória dava um filme (não é o que se costuma dizer?). Estejam atentos!
O livro «A avó come muito queijo, é o que é» de Manuela Leite e Gabriela Sotto Mayor foi um dos principais destaques na secção Miúdos da revista Time Out Lisboa, da primeira semana de fevereiro.
Este livro-álbum, que procura contribuir para o esclarecimento precoce da população acerca da deterioração cognitiva de que muitos adultos, familiares e amigos, padecem, recorre ao ponto de vista da criança para o fazer.
Quando abrimos o livro já vamos de apetite aberto por um título que nos faz sorrir. Quem é que resiste a uma avó que gosta de pregar partidas e que passa a vida a mudar as coisas de sítio? Depois vem o murro no estômago. Afinal a avó não faz amizades novas todos os dias. Mas todos os dias pessoas novas trazem-na a casa quando se perde na rua. Afinal a avó não gosta de esconder os objetos. Simplesmente não se lembra do lugar deles. Uma história (só) aparentemente ligeira, contada na primeira pessoa por uma neta que vai assistindo à deterioração cognitiva da avó. Dói-nos por dentro a página em que esta deixa de conhecê-la, faz-nos pensar naquele parente chegado (a nossa avó?) a quem aconteceu o mesmo. Este é um livro-álbum que todos os miúdos deveriam ler para entender melhor as doenças dos muito graúdos (a autora fez doutoramento sobre a demência de Alzheimer). As ilustrações de Gabriela Sotto Mayor, que também ajudou a escrever o livro, são cinco estrelas.