Escritora Eva Machado na Escola Básica de Abação

No dia 28 de outubro, a Escritora Eva Machado chegou à nossa Biblioteca para nos apresentar o seu livro  “As Bruxas e a água do cu lavado”. Vinha equipada com todos os instrumentos para prender a nossa atenção: o caldeirão, a vassoura, o gato, as ervas, a lua e o chapéu. Ela era “a Bruxa”!
Foram objetos por ela explorados e explicados quando, onde e como podem ser usados. 
Percebemos que, afinal, estas coisas das magias, das poções, das bruxas, dos duendes e dos feiticeiros já existem na nossa cultura há muito tempo.
O Halloween é a versão inglesa do Samahim da tradição dos Celtas que também andaram na nossa região.
Foi uma sessão divertida, que nos ajudou a compreender algumas tradições das nossas avós. 
A “Bruxa” prometeu voltar e revelar outros segredos…

Fiquem com as fotos…

O Pirata e o Tesouro da Biblioteca

Lembram-se do Pirata Romeu? No dia 27 de outubro, vieram à nossa biblioteca celebrar o Dia Internacional das Bibliotecas Escolares. Os alunos do 6º Ano e os alunos da Educação Especial foram os convidados de honra. 
Foi hilariante! 
Vejam o vídeo…

Dia da Biblioteca

O dia internacional da biblioteca escolar em Abação começou com a leitura do poema “O Limpa-Palavras” de Álvaro Magalhães. Os alunos do Curso Vocacional andaram de sala em sala a declamar…

Na sala dos professores, o João e o Daniel também declamaram o poema de uma forma diferente: estavam proibidos de dizer “palavra” ou “palavras”. Estas eram ditas pelos professores.

Foi um dia recheado de atividades. Para quem não conhece o poema, aqui fica. Fabuloso!!!

O Limpa-Palavras

Limpo palavras.

Recolho-as à noite, por todo o lado:

a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.

Trato delas durante o dia

enquanto sonho acordado.

A palavra solidão faz-me companhia.


Quase todas as palavras

precisam de ser limpas e acariciadas:

a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.

Algumas têm mesmo de ser lavadas,

é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias

e do mau uso.

Muitas chegam doentes,

outras simplesmente gastas, estafadas,

dobradas pelo peso das coisas

que trazem às costas.


A palavra pedra pesa como uma pedra.

A palavra rosa espalha o perfume no ar.

A palavra árvore tem folhas, ramos altos.

Podes descansar à sombra dela.

A palavra gato espeta as unhas no tapete.

A palavra pássaro abre as asas para voar.

A palavra coração não pára de bater.

Ouve-se a palavra canção.

A palavra vento levanta os papeis no ar

e é preciso fechá-la na arrecadação.


No fim de tudo voltam os olhos para a luz

e vão para longe,

leves palavras voadoras

sem nada que as prenda à terra,

outra vez nascidas pela minha mão:

a palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.


A palavra obrigado agradece-me.

As outras não.

A palavra adeus despede-se.

As outras já lá vão, belas palavras lisas

e lavadas como seixos do rio:

a palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.


Vão à procura de quem as queira dizer,

de mais palavras e de novos sentidos.

Basta estenderes a mão para apanhares

a palavra barco ou a palavra amor.


Limpo palavras.

A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.

Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.

A palavra fogão cozinha o meu jantar.

A palavra brisa refresca-me.

A palavra solidão faz-me companhia.


ÁLVARO MAGALHÃES

O Limpa-Palavras e Outros Poemas